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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Sobre mim (para um estranho qualquer)

Sabe, moço, agora eu vivo de ausências,
e alimento com lonjuras minha dor...
E a saudade, que me rasga o corpo de dentro pra fora,
é o que torna cada vez  maior em mim o amor.
É... o meu amor se expande (!!!!)
...na mesma medida em que meu coração carece.

Mas sabe, moço, eu já não me importo
com o aperto no peito, nem com a ferida na alma,
ou com  a tristeza roubando minhas noites e minha paz,
e nem com as lágrimas!
É que o sofrer se tornou meu vício, meu amável desvario,
o âmago do meu eu.

E acontece, moço, que a loucura nem é má ideia
se meu amar virou martírio e quase nem sei quem sou....
Me sinto tão distante de mim, que se olhar pra trás já não me vejo,
e sequer sei se ainda posso
reconhecer-me frente ao espelho.

Olha, moço, acho que às vezes sou o inverso do que fui
embora ainda seja a mais real contradição.
Meu vazio é tão autêntico quanto o inteiro que me retrata
e o meu sossego é tão imenso
quanto a distancia que me afasta do meu bem.

Verdade, moço... a longitude fez de mim um outro alguém.