Ele me tirou do chão como quem queria me fazer voar. E fez. Ele me disse, talvez até sem perceber, todas coisas que eu tanto quis ouvir de alguém. Ele fez os meus dias felizes e fez das minhas noites um sonho sem que eu precisasse dormir. Ele encheu meu coração de esperança e me encheu de beijos que jamais vou esquecer. Ele segurou minha mão como ninguém ainda havia segurado. Ele me devolveu o amor que havia morrido em mim. Ele encheu de brilho os meus olhos e de sorrisos os meus lábios.
Acabou. Foi efêmero tudo o que ele fez por mim. Talvez ele não tenha se dado conta, mas acredito que ninguém possa amá-lo tanto quanto eu o amei. E amo. Mas acho que ele foi tanto pra mim que se esvaziou de si mesmo e sumiu. Simplesmente sumiu e arrastou com ele tudo o que me trouxe. Arrancou minhas asas e soltou a minha mão. Eu caí. Me estatelei no chão da minha realidade triste outra vez.. O brilho nos olhos se transformou em lágrima. Os sorrisos viraram em pássaros e voaram para outros lábios antes mesmo que eu chegasse ao chão. A pancada foi tão grande que matou o amor e apagou da minha memória até os sonhos. Dos beijos esqueci o sabor.
Me tornei outra vez aquela pessoa que nasci pra ser: a mulher do coração partido, que escreve dores, desamores, e tristezas. Ele me deu de volta o meu dom de transformar amargura em poesia. Ele me estendeu o tapete vermelho e depois puxou. Mas não, ele não tem culpa. A culpa sempre é minha, burra que sou! Culpa por amar mais do que devo, por sonhar além dos sonhos, por esperar que alguém seja assim, tão burro quanto eu... Dele já não ficou mais nada, além das palavras que um dia ele me disse. Essas eu agarrei com força e vou levar comigo pra onde for. É que eu tenho mania estranha de colecionar palavras, porque elas, por mais que às vezes me causem dor, nunca me decepcionam. São minha única certeza na vida, assim como a dor que elas causam. E as dele podem não me servir agora, mas eu sei que mais cedo ou mais tarde servirão.
Porque, do mesmo modo como eu faço com a dor, eu posso fazê-las virar poesia.
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domingo, 3 de novembro de 2013
Primeiro desabafo não-poético
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