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quinta-feira, 5 de junho de 2014

Contradição

Nunca vi
Olhar mais sem brilho
Nem sorriso mais triste.

Nunca a vi
Tão entregue aos tormentos
Da sua angustiada psique.

Nunca vi
Um tão esgotado corpo,
Que mais parece doença...

Nunca a vi
Tão desgostosa da vida,
Assinando a própria sentença:

Autocondenando-se a uma vida insípida,
Com um viver quase mecânico
Apenas por viver, e só.

Valendo-se de falhos disfarces
Para esconder inquietudes da mente
Pra ninguém se assustar nem ter dó:
                   se assustar com ideias tão mortas
                                     nem ter dó do quão forte é a dor.

Nunca a vi
Ainda assim, tão forte,
Tão audaz frente às próprias fraquezas.

Nunca vi
Alguém frágil e tão fria:
Dois extremos, mas com sutileza.

Nunca a vi
Tão ela, tão esplendidamente:
Serenidade e desassossego...
Contradição, definitivamente.