É tarde.
“Talvez a noite
seja pra pensar,
E não pra dormir.”
Minha casa vazia está cheia
de lembranças de você.
Eu, ainda acordada,
porém utopista que sou,
levada por meu desatino
em minha porta te imagino
enlouquecido de anseio por me ver.
Nada! Só devaneio:
Iludi-me com o meu querer.
E o meu pensamento teima,
Como quem não aceita abandono,
Em reviver os instantes mais “nossos”
Em que éramos eu, você e só:
sem outras pessoas por perto,
sem as coisas ao nosso redor,
sem o “antes” que pesa entre nós
nem o depois da saudade sem dó.
Somente dois corpos se amando,
num intenso e sobejo desejo
sem medo, sem culpa, sem fim.
Nossos olhos transbordando sentimento
Sufocado por culpa não nossa
Despertam juízo em mim:
É insensato querer-te comigo,
Mas não que isto seja mau:
Descobri que nosso amor só funciona
na horizontal.