Seu corpo padecia
(Entre frias paredes pintadas
Em um tom de rosa pálido,
Sobre um chão de cor cinza
Rijo, imundo, esquálido)
Ignoto e amargurado
Pelos pesares da vida.
Perdida em reminiscências
De um passado errôneo
Com seu o olhar lúgubre,
Afogada em lágrimas,
Sem palavras implorava
Para si o auto-perdão:
Carregava toda a culpa
De um não-crime sem culpados
De um destino complicado,
Sem dó, sem compaixão.
Sua alma quase entregue
Ao definhamento do corpo,
Agarrava-se aos vestígios
Diminutos, cruciantes,
Do seu grande amor perdido.
Entretanto sem remorso
Sua dolência fez triunfo:
Arrancou da frágil moça
As memórias, os sentidos
(Sozinha e sem indulto
Morreu de coração ferido).