Olhando você de longe,
Esse seu jeito arrogante
Prepotente, irritante,
Cheio de manias e vícios
Tem causado um rebuliço
Dentro dos meus pensamentos:
Sua arrogância me arrepia,
seu desprezo me agonia
e me faz sentir desejo:
quanto mais eu te detesto
menos eu resisto
ao onírico paraíso
que se esconde no seu beijo.
Já não sei se é seu desdém,
Ou esse seu de ar de deboche,
Que me faz, feito um fantoche,
Render-me ao seu feitiço.
Não que acolha seu desprezo,
Nem que aceite um desabrigo,
Mas sei que não há perigo
de me deixar em desamparo.
E por mais que você negue,
seus olhos entregam, meu caro:
por detrás do pouco-caso,
Latente no seu jeito amargo,
Sustenta por mim desmesurado amor.
E se desconfiam, diz que é boato
mal sabem eles que dentro do quarto
a gente se entrega sem nenhum pudor.
E esse teatro não leva a nada,
Você me adora, tá na cara,
Não se pode esconder sentimento assim.
Você nega para outrem
Mas não o domina:
No fim das contas, a sua sina
Sempre será se render a mim.